Mineração Chilena rumo ao seu novo normal
Por mope
20/07/05
O Chile convive há muitos anos com uma queda drástica nos teores dos minérios; com tecnologia engessada (moinhos SAG, processo inadequado para minerais de baixo teor, “mói e flota tudo” etc.); escassez de água e energia; vulnerabilidade diante do preço global dos produtos; uma enorme redução nas contribuições da Coldelco ao Tesouro chileno; estabelecimento de zonas de conforto em muitas empresas de mineração, com ninhos de executivos acomodados e resistentes às mudanças necessárias, e muitas outras situações que criaram um nó difícil de desatar na mineração chilena, mas que hoje começam a ser enfrentadas com coragem e criatividade.
A Codelco, com sua recente mudança de administração, agora enfrenta firmemente essa crise e, ao mesmo tempo, pede a todos os setores envolvidos para assumirem responsabilidades, como no exemplo recente da Codelco Norte, onde foi criada uma barreira urbana e geográfica ao COVID. -19 e opera com quase 50% da dotação, situação que terá muitas consequências e desperta preocupação no segmento trabalhista.
A mineração de ferro recebeu novas práticas no desenvolvimento de seus projetos de engenharia e, recentemente, foi promovida uma oxigenação radical dos executivos, trazendo novos quadros da área do cobre, jovens e criativos, que em breve promoverão a modernização necessária de todo esse segmento.
Atualmente muitas empresas de mineração trabalham para encontrar um equilíbrio na escala de produção em relação aos problemas da queda de teores e outros. Mineradoras vizinhas discutem consórcios operacionais para racionalizar custos, compartilhar água, energia, logística e infraestrutura. Os rejeitos de algumas empresas de mineração são usados como matéria prima por outros, em benefício do meio ambiente e da maximização dos negócios para ambos os atores.
Empresas mundiais gigantes de tecnologia mineral (Metso e Outotec) se fundem para oferecer ao mercado um reforço no segmento de serviços e, provavelmente, no suporte a sistemas de controle automático, que é a tendência natural desses tempos. Não por acaso, quem liderará esse grupo na América do Sul é o colega chileno Eduardo Nilo, que conhece profundamente a situação descrita acima e que ajudará a reforçar essa guinada para o novo normal que todos esperamos para a mineração chilena.
Tomara que esses ventos cheguem logo ao Brasil, onde as tragédias experimentadas com os rejeitos e agora com o COVID-19, parecem não terem sido suficientes para romper com as práticas de enfrentar as consequências e raramente, a origem dos problemas.
Alexis Yovanovic
[:]]]>mope