Lucro sem produtividadeㅤㅤㅤㅤ

Se o capital cobre qualquer falta na produtividade, então qual seria a importância da excelência operacional na mineração?

O mercado financeiro vem enfatizando que a baixa produtividade do setor mineral tem pouca influência no retorno dos dividendos, uma vez que a valorização do preço do minério no mercado internacional tem compensado qualquer ineficiência operacional. O mercado possui mecanismos próprios para compensar recuos na lei da oferta e demanda.

As causas da baixa produção mineral podem ser variadas, desde sazonalidades climáticas, paradas de manutenção, tragédias, crise sanitária, etc. A tragédia de Brumadinho, por exemplo, influenciou a alta dos preços no período, o que gerou impacto positivo no faturamento do setor mineral em 2019, que teve crescimento de 39,2% enquanto a produção de minério de ferro caiu 8,8%, segundo informações do IBRAM.

Se o capital cobre qualquer “desvio” na produtividade, fica então o questionamento de qual seria a importância da excelência operacional, uma vez que essa não tem relação direta com o retorno financeiro? Como atrair a atenção para a importância do fator operacional no indicador de sustentabilidade do setor mineral, a quem não vê problema em produzir pouco ou mal, já que o lucro advém de atividade diferente da produtiva?

O que ficou claro a partir das duas piores tragédias da história envolvendo barragens de rejeitos de mineração, é que uma operação irregular ou mal feita é uma ameaça real também aos dividendos. Ainda que o setor tenha se mobilizado de forma ágil para garantir a segurança das atuais barragens, não observamos a mesma celeridade para enfrentar as causas da geração de rejeitos. A segurança das barragens está diretamente ligada ao modelo de processamento mineral, que beneficia tudo o que vem da mina.

Mitigar a geração de rejeitos de mineração deveria ser a principal preocupação dos executivos envolvidos com a agenda ESG. Quem se preocupa com reputação, precisa pensar sobre formas mais eficientes de produzir.

A manutenção dos bons dividendos só será possível a quem for capaz de adotar estratégias de beneficiamento que enfrentem a realidade da queda nos teores. Ao manter a capacidade de produção aumentando a capacidade de tratamento do minério de baixo teor, trata-se cada vez mais ganga, elevando o consumo de energia, água, corpos moedores, reagentes, etc., o que gera maior quantidade de rejeitos finos, resultando em problemas de ordem operacional, econômica, social e ambiental.

Atualmente os minérios vêm se apresentando cada vez mais pobres e difíceis de beneficiar. Isso acontece tanto nos novos projetos quanto nas usinas em operação. A Concentração Seletiva, técnica original desenvolvida pela MOPE, prioriza o aproveitamento do bem mineral de forma racional, descartando o excesso de ganga que vem da mina antes de seguir para as operações mais onerosas da usina. Através da sua aplicação, é possível ampliar as reservas minerais, aumentar a produção, reduzir significativamente o CAPEX/OPEX, além de diminuir a geração de rejeitos finos.

A  excelência operacional precisa estar vinculada aos indicadores de sustentabilidade da agenda ESG, como forma de garantir reputação e lucro no longo prazo.

MOPENEWS

Concentração Seletiva – Processo propõe aumento da produção e redução de CAPEX, custos operacionais e rejeitos finos

(In The Mine)

Citi mantém visão positiva sobre a Vale, apesar de prévia operacional fraca

(Valor Investe)

Ibram: produção de minério em 2019 caiu, mas faturamento cresceu

(Agencia Brasil)

Faturamento do setor mineral brasileiro cresce em 2019

(IBRAM)

Produção de minério de ferro da Vale cai 11% no 1º trimestre com impacto de Brumadinho

(G1)

Menor produção, maiores preços: a explicação para o ânimo dos analistas com Vale apesar do revés nas operações

(Info Money)


 

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