Sustentabilidade Realㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ

A mineração sempre foi considerada um setor conservador. Uma das razões é que a atividade mineral envolve muitos riscos socioeconômicos e ambientais, o que torna o ambiente de negócios hostil para os empreendimentos minerários. A aversão ao risco acaba se tornando um caminho natural que dirigentes de empresas adotam, para lidar com as diversas interfaces que a mineração precisa ter com o poder público e a sociedade civil. 

Apesar disso, o setor sempre foi muito competente em defender seus interesses. Já o diálogo com a sociedade sempre foi o seu ponto fraco. O discurso desenvolvimentista sempre foi utilizado como um fim em si mesmo e, em troca de emprego e renda, as comunidades deveriam engolir qualquer desaforo. Essa postura ainda é um componente muito presente, mas alguma coisa mudou após as tragédias de Mariana e Brumadinho e a sustentabilidade do negócio mineral dependerá cada vez mais de entregas reais de valor para a sociedade.

O termo sustentabilidade entrou no radar dos acionistas e a sociedade não está mais tolerante com empresas que se escondem em discursos.  Salvo raras exceções, o tema sustentabilidade só ganha o interesse de quem decide quando a sua ausência significa risco para o negócio. Por outro lado, a procura de melhorias operacionais é relegada a terceiros atraídos pelo open innovation, noutra jogada de marketing que as mineradoras utilizam para ganhar reputação sem correr risco.

A sustentabilidade não é apenas relativa ao risco ambiental, mas há ainda uma longa lista de ações que a sociedade começará com justa razão a cobrar, como é a verticalização da indústria (uso local do bem mineral produzido) e a contratação local de engenharia, serviços, insumos, suprimentos e etc.

É importante ressaltar que a queda gradativa de teor dos minerais lavrados (fonte de aumento na geração de rejeitos finos), somado a diversos paradigmas que aprisionam a criatividade no beneficiamento mineral, são a causa principal dos conflitos ambientais. No entanto, como têm-se visto, as responsabilidades pelas ações mais urgentes que foram tomadas para reverter esse quadro ficaram a cargo dos profissionais de relações públicas. A reputação quando é vista apenas como uma estratégia retórica, desencoraja as iniciativas que poderiam de fato mudar o status quo mineral.

Defendemos a ideia de que indicadores de processos também podem e devem ser utilizados no painel de sustentabilidade, auxiliando a indústria a recuperar sua reputação com base em ações práticas relativas ao seu cotidiano operacional. Quando, por exemplo, a redução do consumo de energia, água, reagentes e da geração de rejeitos finos se tornar um dos objetivos principais da atividade mineral, a sociedade vai entender o que é compromisso assumido com responsabilidade.

MOPENEWS

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