Brumadinho – Após cinco anos

Foto: Por Ibama/Brasil - Brumadinho, Minas Gerais, CC BY-SA 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=76936072 

O Acidente

No dia 25 de janeiro de 2019 a barragem l (B1) da Vale (Brumadinho/MG) se rompeu e matou 272 pessoas, causando um dos piores desastres socioambientais da história do país. Um relatório elaborado pela Universitat Politécnica de Catalunya (Espanha), apontou que a causa do rompimento se deu em razão do fenômeno da liquefação.

A Polícia Federal indiciou 16 pessoas ligadas à Vale e à Tüv Süd em 2021, por diversos crimes ambientais e homicídio doloso qualificado. No final de 2022, o processo foi federalizado, a pedido da defesa dos réus. Ainda existem 3 pessoas desaparecidas, 2 dos 16 indiciados ainda não foram encontrados e, após 5 anos, ninguém foi responsabilizado.

Mineração Sustentável? Para quem?

A partir da adesão do setor de mineração à Agenda ESG, a mineração passou a adotar o termo mineração sustentável como parte da estratégia para “limpar” a sua imagem perante a sociedade. Acontece que essa mesma mineração ainda não se dispôs a priorizar a produção metálica ao mínimo custo e com uma redução na geração de rejeitos; pelo contrário, a mineração segue o jogo que interessa a grandes fornecedores globais de equipamentos, insumos e serviços, cujo objetivo é aproveitar a queda inevitável dos teores nas jazidas para estimular investimentos e elevar a tonelagem de minério processado, o que deveria ser considerado o maior risco de segurança para as operações.

Segundo relatório do IPEA de 2012, a projeção para a geração de rejeitos de mineração (Brasil) no ano de 2030 será de 648 milhões de toneladas, contra 348 milhões de toneladas geradas no ano de 2010. No Chile, por exemplo, a grande mineração do Cobre investe quase 10 bilhões de dólares a cada ano, há mais de 20 anos, apenas para aumentar o beneficiamento de ganga em excesso, pois, a rigor, a produção metálica de Cobre no Chile está estagnada por duas décadas. Enfrentar esse problema com o discurso da economia circular é no mínimo, um disparate.

Com essa estimativa, fica claro que a mineração continua caminhando para sua precarização, aprofundando o abismo econômico entre as regiões produtoras e as desenvolvedoras globais de “tecnologia”, para converter-se hoje, com raras exceções, em um espaço de crescente OPEX, como uma velha máquina copiadora que consome cada vez mais tinta de impressão.

Após cincos anos do desastre de Brumadinho, a mineração segue fazendo mais do mesmo sem que os responsáveis tenham sido punidos e a sociedade, a parte mais fraca dessa relação, continua pagando um preço alto, tudo em nome do desenvolvimento promovido pela “mineração sustentável”.

MOPENEWS

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