Água: em estado de alerta!
BRASIL – Geral
O consumo médio de água por pessoa equivale a 154,9 litros/dia¹.
Isto equivale a 154,9/24 = 6,45 l/h = 0,00645 m³/h
São Paulo (cidade) possui 12,18 milhões de habitantes, que consumirão então: 78.561 m³/h.
De acordo com a Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA), o setor do agronegócio consome 70% das águas no país².
Vejamos alguns números sobre água na mineração:
Mineração de Ouro típica (100 t/h): 300 m³/h / equivale a uma cidade de 46,5 mil habitantes, como: Congonhas (MG), Campos de Jordão (SP), Itabirito (MG).
Mineração Itabiritos para PF (20 Mtpa): 1200 m³/h / equivale a uma cidade de 186 mil habitantes, como: Juazeiro (BA), Criciúma (SC), Cabo Frio (RJ), Sobral (CE).
Mineroduto: 2000 m³/h / equivale a cidade de 310 mil habitantes, como: Vitória (ES), Vitória da Conquista (BA), Franca (SP), Blumenau (SC), Riberão das Neves (MG), Uberaba (MG).
Uma tonelada de minério de ferro recebe: 0,4 a 0,5 m³/h de água (ou mais); quase equivalente ao abastecimento diário de um grupo de 70 a 80 pessoas.
Para o caso brasileiro, a escassez de água se observa principalmente nos Estados do nordeste. Já em regiões de abundância de água, o problema está na forma de lidar com as polpas de rejeito fino, tanto na recuperação (recirculação) dessa água como para a mitigação de eventuais impactos (ou desastres) ambientais.
CHILE – Mineração do Cobre
As plantas de beneficiamento de minério sulfetado de Cobre no Chile utilizavam, 10 anos atrás, algo em torno de 0,7 m³ de água (total) para beneficiar uma tonelada de minério. Recentemente, por causa do incremento do uso de água de mar e, ainda, mediante melhorias na recuperação de água de processo (68% para 74%), esta média caiu para 0,36 m³ de água de origem “continental” por tonelada de minério³.
O maior problema chileno em relação à água não é apenas a natural escassez deste recurso nas regiões desérticas, onde a maior parte da mineração se concentra, mas, com o radical empobrecimento do minério nestes últimos anos (redução de teor no ROM) aumenta proporcionalmente o consumo de água ao relacionar este à tonelada de cobre fino produzido.
CONCLUSÕES:
A mineração, em geral, gasta cada vez mais água e energia por causa do incremento de ganga no fluxo a beneficiar (minérios mais pobres), situação agravada pela política equivocada de “mói e flota tudo”, concentrando esforços em tratar ganga, num arranjo estranho que coloca um moinho gigante (e a úmido) antes que os próprios britadores.
Adapte a rota de beneficiamento da sua usina (aproveitando ao máximo os equipamentos existentes) para a Concentração Seletiva. Estudos devem ser feitos, em cada operação, para enfrentar o ROM com fragmentação a seco e ações de pré-concentração, enriquecendo e reduzindo a massa que avança para as operações que consomem mais água e energia.
Alexis Yovanovic
¹ Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento