SAG: O que fazer agora?ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ

Depois de quase 50 anos, a moagem SAG ainda parece dominar a tecnologia de cominuição nas grandes plantas concentradoras de metais básicos. Como foi comentado em edição anterior do MOPENEWS, eventuais insucessos desta tecnologia nas grandes mineradoras parecem ser relevados pelo “mercado”, embora a baixa confiabilidade no escalonamento industrial destes moinhos é um assunto que já está começando a preocupar algumas entidades de financiamento.

O moinho SAG nasceu tecnicamente morto para mim, desde as minhas primeiras avaliações, quando trabalhei em El Teniente (Codelco, Chile) num projeto de expansão na década de 70. Naquela época concluí que o processo convencional de britagem seguida de moagem convencional era superior em desempenho, mas, com o entusiasmo da onda global, fui voto vencido na decisão de investimento. Como publicado após muitos anos de operação da linha SAG, em El Teniente, esta rota não apenas apresentou pior desempenho que a linha de moagem convencional, como era previsto, mais, até o velho concentrador de Sewell (El Teniente, década de 30) manteve-se durante muitos anos operando com maior eficiência que a nova linha SAG.

Com raríssimas exceções, desde a década de 70, os projetos que consideraram moagem SAG tiveram em geral resultados inferiores aos esperados, principalmente na eficiência energética, o que levanta desconfiança nos métodos de avaliação e escalonamento do SAG (veja referencias em seção adiante).

Em minha opinião, o maior erro na escolha da tecnologia SAG é conceitual, onde os seus defensores parecem acreditar que uma rocha de 100 mm é totalmente homogênea, constituída de partes infinitesimais de idêntico teor e, partindo desse equivocado ponto de vista, se descuida o estudo prévio de caracterização do minério perante a sua fragmentação seletiva que, pelo contrário, permitiria explorar a “heterogeneidade” do  minério em favor do projeto.

O moinho SAG é colocado muito cedo no processo, na chegada do minério bruto, praticamente obrigando a qualquer rocha extraída da mina a sofrer uma política errada de “mói e flota tudo”, contra a lógica de que as operações caras deviam ser destinadas a um fluxo menor e enriquecido, depois de ter retirado boa parte da ganga inútil. Esta tecnologia não dialoga com o minério e exige novas concentradoras para tratar cada vez mais ganga (minérios mais pobres), gerando mais rejeitos finos. O moinho SAG é o cavalo de Tróia de um mercado global que estuda, projeta, financia e constrói usinas com foco no tratamento de ganga. Mesmo depois das tragédias ambientais, o mercado global propõe hoje novas operações unitárias e obras civis para seguir processando o rejeito ao invés de procurar a sua redução, desde a origem do processo.

Projetados originalmente para operar sozinhos, muitos moinhos SAG estão hoje rodeados de britadores terciários para pebbles e britador secundário para reduzir a granulometria do fluxo que os alimenta. Algumas mineradoras utilizam mais explosivos na mina para aumentar a fragmentação e ajudar a controlar a alimentação do velho SAG. Em muitas mineradoras, por ironia do destino, o SAG está nitidamente sobrando dentro de um conjunto de britadores suficientes como para dar forma à mesma alternativa convencional que na sua origem foi equivocadamente descartada.

A nossa sugestão: Fazer testes de britagem seletiva e de pré-concentração. O SAG muto provavelmente já seria descartado em novos projetos. Em plantas operando com moinho SAG, este poderia fazer o papel de moagem primaria seletiva operando em circuito aberto, girando com menor velocidade e baixo enchimento de bolas. Podemos ajudar a resolver esse antigo problema do SAG que, como visto no Brasil, às vezes consome mais energia que uma cidade inteira próxima da planta.

Alexis Yovanovic

Moagem SAG: acabou o mito?“, Revista Minérios Nº 290, Setembro/Outubro/ 2006

SAG – Acabou o Mito? (Parte 2) Rev.1

Moagem Autógena e Semi-Autógena – Capítulo 7 – Livro: “Engenharia da Cominuição e Moagem em Moinhos Tubulares”, ISBN 85904718-2-9. (2006)

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