Mineração Chilena rumo ao seu novo normal
Mesmo em plena crise sanitária e, com toda certeza, depois dela, novos ventos são observados na mineração chilena. Novas estratégias, novos executivos, novas atitudes, um novo e melhor “normal”, onde aparecem e convergem diversas situações positivas. A mineração chilena começa a dar sinais do que poderia ser um “novo normal”, não somente por causa da Covid-19, mas também pelo confronto direto e bem sucedido a uma série de complicações que o Chile tem sofrido nas últimas décadas.
O Chile convive há muitos anos com uma queda drástica nos teores dos minérios; com tecnologia engessada (moinhos SAG, processo inadequado para minerais de baixo teor, “mói e flota tudo” etc.); escassez de água e energia; vulnerabilidade diante do preço global dos produtos; uma enorme redução nas contribuições da Coldelco ao Tesouro chileno; estabelecimento de zonas de conforto em muitas empresas de mineração, com ninhos de executivos acomodados e resistentes às mudanças necessárias, e muitas outras situações que criaram um nó difícil de desatar na mineração chilena, mas que hoje começam a ser enfrentadas com coragem e criatividade.
A Codelco, com sua recente mudança de administração, agora enfrenta firmemente essa crise e, ao mesmo tempo, pede a todos os setores envolvidos para assumirem responsabilidades, como no exemplo recente da Codelco Norte, onde foi criada uma barreira urbana e geográfica ao COVID. -19 e opera com quase 50% da dotação, situação que terá muitas consequências e desperta preocupação no segmento trabalhista.
A mineração de ferro recebeu novas práticas no desenvolvimento de seus projetos de engenharia e, recentemente, foi promovida uma oxigenação radical dos executivos, trazendo novos quadros da área do cobre, jovens e criativos, que em breve promoverão a modernização necessária de todo esse segmento.
Atualmente muitas empresas de mineração trabalham para encontrar um equilíbrio na escala de produção em relação aos problemas da queda de teores e outros. Mineradoras vizinhas discutem consórcios operacionais para racionalizar custos, compartilhar água, energia, logística e infraestrutura. Os rejeitos de algumas empresas de mineração são usados como matéria prima por outros, em benefício do meio ambiente e da maximização dos negócios para ambos os atores.
Empresas mundiais gigantes de tecnologia mineral (Metso e Outotec) se fundem para oferecer ao mercado um reforço no segmento de serviços e, provavelmente, no suporte a sistemas de controle automático, que é a tendência natural desses tempos. Não por acaso, quem liderará esse grupo na América do Sul é o colega chileno Eduardo Nilo, que conhece profundamente a situação descrita acima e que ajudará a reforçar essa guinada para o novo normal que todos esperamos para a mineração chilena.
Tomara que esses ventos cheguem logo ao Brasil, onde as tragédias experimentadas com os rejeitos e agora com o COVID-19, parecem não terem sido suficientes para romper com as práticas de enfrentar as consequências e raramente, a origem dos problemas.
Alexis Yovanovic